4.12.04

Revolto


Depois da cinza morta destes dias,
Quando o vazio branco destas noites
Se gastar, quando a névoa deste instante
Sem forma, sem imagem, sem caminhos,
Se dissolver, cumprindo o seu tormento,
A terra emergirá pura no mar
De lágrimas sem fim onde me invento.

Sophia de Mello Breyner Andresen