28.1.09

Dia 3 - Lexington

Esse foi, talvez, o dia mais movimentado. New Year's Eve Day, estava especialmente gelado, abaixo de zero, cinza. O último dia de trabalho do Clayton antes das férias, então saí de novo sozinha pela cidade no meu Prius alugado. Dessa vez, fui visitar o apartamento que eu morei, no Village Apartments, em 1997-1998. Já falei dele aqui no blog, inclusive com fotos. Peguei a Richmond Road, entrei na South Locust Road, no condomínio, estacionei o carro exatamente na "minha" vaga de 10 anos atrás, e fui até a porta. Não tive coragem de bater na porta, mas tirei foto. Mudaram a cor da fachada, era branco e verde, agora é off-white com branco.


Saí de lá relembrando meus dias com o Luca, tirei até foto do jardim em frente ao prédio aonde ele aprendeu a fazer suas necessidades (eu implorava "Luca pleeeease, faz xixxiiiiii, go peeeeeee, go pooooooooooooo, ele levou umas 30 idas no inverno gélido nesse jardim até aprender, mas depois nunca fez nada dentro de casa de novo, nem lá ou em outro lugar, jamais em tempo algum...eduquei bem :)). Aproveitando o clima de flashback 10 years-ago, resolvi almoçar num restaurante que eu sempre ia, bem pertinho da minha casa, o O'Charley's. Eu ia MUITO lá, principalmente por causa das saladas e das "fully loaded potato skins". Queria reviver um almoço típico daqueles tempos, que incluía um f***-se a dieta em altíssimo grau calórico. Pedi um prato de southwestern cheese potatoes de entrada e iced tea. Uma batata chips crocante por fora, macia por dentro, com queijo cheddar, molho de "cilantro" (como é isso em português), bacon, pimenta, salsa, cebolinha. Uma porção gigante que me impediu de comer outra coisa até a hora do jantar. Aí a foto da batata. Só aí devo ter engordado uns 11kg. Logo depois, ali ao lado também, dei uma passada no Wal-Mart pra comprar alguns itens de farmácia, e engatei num filme para passar logo o tempo. Queria chegar em casa quando o Clayton já estivesse lá. Como não pré programei essa ida ao cinema, entrei no filme que estava passando naquela hora, Yes Man, uma comédia com o Jim Carrey. Não esperei absolutamente nada desse filme, estava num clima levíssimo e queria mesmo ver uma comédia qualquer, mas tê-lo visto e nada, no final, deu no mesmo. Que porcaria. Esse não merece nem uma elocubração, um parágrafo sequer de "crítica", a não ser falar que Yes Man já faz parte da minha movie shit list. Nem mesmo a participação da Zooey Deschanel, ótima atriz e bela - me lembra uma Debra Winger jovem - ajudou, ao contrário, ela também estava chata, meio irritante até. Só pra finalizar, eu já assisti vários filmes do Jim Carrey e gostei de alguns. O ultra-mega criticado Dumb & Dumber (teve a infeliz tradução de Debi & Lóide no título em português) faz parte da minha coleção de DVDs e de vez em quando eu revejo....aah o Jeff Daniels tá impagável...será que devia ter falado isso aqui? Guilty pleasure, here we go. Eu tenho muitas, esse filme, se bobear, é a ponta do iceberg (e não tô falando de Titanic). Mas por enquanto as outras guilty pleasures (sorry, não tem uma tradução desse termo à altura em português) são segredo. Aos poucos, vou revelando....

Zooey Deschanel.
Saí do filme tonta depois de tanta besteira (e pipoca), fui pra casa, encontrei Clayton e Jeff, tomei banho, me vesti e fomos pra nossa festinha de Ano Novo no Mia's. Eis algumas fotos. Lá encontrei outros dois amigos queridos, o casal Tash & Carter Suter. Amo! Passei muitos dias ótimos com eles, que são um dos melhores amigos do Clayton. Inclusive, no meu último dia lá, teve uma festinha na casa deles depois de um jantar divino. Depois da meia-noite, fui dar um bordo na festinha que estava tendo no Limestone Club, pra me encontrar com a Angie e outras amigas. Fiquei pouco, bebi um draft, já estava cansada e preferi ir pra casa dormir do que emburacar com a galera.





Só uma curiosidade: o meu cabelo fica simplesmente ma-ra-vi-lho-so nos EUA, não sei se é por causa da água, da falta de umidade, seja lá o que for fica perfeito mesmo secando ao vento! Aqui no Rio, pra ficar assim, só fazendo uma boa escova no Angel Hair, o meu cabelereiro! Então tirei algumas fotos do meu cabelo no primeiro dia do ano. Parafraseando a Neide Aparecida: "...mas os meus cabelos, quanta diferença"! se ele fosse sempre assim...

Dia 2 - Lexington

Ainda exausta da viagem, dormi que nem uma pedra. Quando levantei, o Clayton já tinha ido pro trabalho. Tomei meu café da manhã sozinha, botei meus casacos, peguei o carro e fui dar um rolé pela cidade. Dia lindo, céu claro, temperatura em torno de 5 graus celsius. Passei pela Nicholasville Road novamernte, dessa vez pra passar horas e horas dentro do meu lugar favorito de todos os tempos: a mega-livraria Joseph-Beth Booksellers, que fica no Lexington Green Mall. Quando morava em Lexington, eu me perdia entre as centenas de estantes, lendo trechos de livros nos sofás confortáveis espalhados pela loja - lá existem exemplares "tester" de livros, ou seja, se você quiser pode lê-lo todo ali: podia pegar, especificamente, esses exemplares com uma faixa escrita "please read me", se aboletar numa poltrona, e esquecer do mundo lá fora. Eu normalmente lia um capítulo inteiro antes de levar pra casa, porque se chegasse no final, o livro valia a pena. Mas também comprava da maneira normal,depois de ler a orelha, ou pela capa mesmo: um dos aspectos mais fascinantes dos livros americanos sempre foram as capas. Na época, os livros brasileiros eram bem capengas em comparação, não existia um capricho editorial e gráfico como hoje (melhorou muito). Livro de capa dura, era coisa rara por aqui. E lá o normal sempre foi sair primeiro em capa dura, mais caro, com papel de alta qualidade e algumas capas que eram verdadeiras obras de arte, e depois em formato "pocket" ou "paperback", mais baratinhos. Nessa época, entre 1994-1998, essa era a única livraria desse porte na cidade, que ainda não tinha sua filial da Barnes & Noble. Lembro muito bem quando entrei lá pela primeira vez e pensei: uma cidade que tem uma livraria como essa não tem como ser um lugar ruim pra morar. Se for tudo ruim ou chato, tem esse lugar.

E no Brasil, ainda não tinha nada parecido. As Saraivas, Fnacs e etc viriam depois e mesmo assim, nunca com a mesma variedade. Além dos livros, tinha ainda uma seção de revistas e jornais do mundo inteiro, uma seção de CDs com ênfase em música clássica, uma seção infantil só de livros e brinquedos educativos, uma seção de papelaria (incrível) , outra de cartões e presentes e um restaurante - The Café - delicioso. E uma livraria com uma seção específica de livros sobre cavalos...não tem como negar, virou um dos meus points favoritos, lugar que voltaria sempre,pelo menos uma vez por semana, para passar horas e horas "browsing". Numa época que esse verbo se aplicava aos livros, e não à internet....

Eu sempre fui fascinada por livrarias, desde pequena, e meu sonho (ou um dos sonhos rs) era ser dona de uma, e com o tempo, o sonho foi se sofisticando e a minha livraria, que seria supostamente numa casinha antiga na Zona Sul, seria uma sede da Shakespeare & Co., ou no mínimo possuir a mesma atmosfera, mesmo décor da loja de Paris ou NY e o andar de cima, literalmente um quartinho com cama e tudo aonde supostamente dorme o gato da manager. Pausa pra fotos da loja de Paris:
Mesmo sem o sonho realizado, sempre que viajo, a primeira coisa que procuro nas cidades é uma livraria, e de vez em quando me surpreendo. Foi numa pequena e charmosa livraria de Tel-Aviv, por exemplo, que guardo na memória o momento mais bacana de uma viagem que fiz a Israel quando eu tinha 17 anos. Também foi nessa livraria que comprei a minha cópia dos Irmãos Karamazov, um dos meus favoritos de todos os tempos. Na minha infância, acho que quando tinha 4 ou 5, adorava um livro (que até eu aprender a ler, aos 6, alguém lia pra mim) que era sobre uma menina que pegava caxumba e ficava de cama até a chegada do médico. Queria lembrar o nome, mas me lembro dos detalhes da história e até do cheio desse livro cheio de desenhos que me fez ficar FELIZ quando eu realmente peguei caxumba. Coisas de criança. Voltemos ao diário. Eis algumas fotos.







Almoçei no restaurante dentro da livraria, no Brontë Bistro, o soup + salad special e uma Diet Coke. Comprei só alguns cadernos moleskine dessa vez, pois meu plano não era comprar nada ainda lá, já que voltaria "várias" vezes.

Andei mais um pouco pela cidade, voltei pra casa e recebi a visita da Angie, uma das minhas melhores amigas da época que eu morava lá. Adorei revê-la, passamos muitos bons momentos juntas, era sempre nós 3: eu, Clayton e Angie. Como uma vez nós nos embebedamos juntas com Chivas, no dia do show do Prince (que na época se chamava um símbolo e se referiam à ele como TAFKAP - The Artist Formerly Known as Prince - ela me trouxe, de presente, uma garrafinha de 500 ml de Chivas 24 anos, daquelas de bolso! Amei e fiquei sem coragem de dizer que depois desse porre resolvi, nunca mais, me arriscar no escocês, que a minha praia agora era vinho e cerveja. Mas é LÓGICO que não disse nada e adorei a garrafinha, que está agora no meu barzinho, e talvez nunca abra.

Demos um tempinho em casa, uma cervejinha gelada, e fomos jantar, eu Clayton e Angie, num restaurante italiano, o Puccini's. Ainda não tinha começado a fotografar meus pratos - mais adiante, nesse blog, fará parte do diário a foto de tudo que comi rsrsrs. Mas lembro que tomei Stella Artois e comi angel's hair pasta com um molho maravilhoso, mas não lembro agora. É um restaurante de rede, daqueles com 500 filiais pelos EUA, então nada de super especial a não ser uma comida bem decente.