16.11.07

O consumidor que se f...



Detalhes que me deixam verdadeiramente PUTA incluem aqueles que mexem no meu bolso. Hoje, sabemos que dentre os produtos que encontramos nos supermercados brasileiros, 99% já foram alterados pelos fabricantes para se ajustarem ao "novo perfil do consumidor", supostamente após (falsas) pesquisas de mercado. Os produtos modificados sofrem diminuição de quantidade e qualidade.

É o Brasil novamente no caminho contrário do desenvolvimento, pois nos países onde os consumidores são levados a sério (nos EUA existe até associação para proteger as especificações dos produtos), o que importa é aumentar cada vez mais a qualidade ou a quantidade dos produtos, e no processo, no mínimo manter ou até diminuir o preço para enfrentar a competição acirrada e finalmente conquistar os consumidores e uma boa fatia do mercado, por fim lucrando com a economia de escala, que é o que realmente interessa. Aqui no Brasil não, nada disso importa. A mesquinharia é a lei. Produtos cada vez piores, quantidades ridículas, embalagens enganadoras, e preços que só aumentam. Só dá certo porque é uma economia de cartel, ou o que eu chamo de concorrência leal entre eles e desleal apenas para o consumidor.

Eis alguns exemplos da minha constatação, após uma passadinha rápida no supermercado aqui da esquina:


- O café Pilão mudou a quantidade no pacote e o preço continuou igual. Não sei se seguiu outro fabricante, mas quando um muda o padrão, normalmente os outros seguem, como um "cartel".

- o salgadinho Fandangos, coitado, o menor saco tá grande pra ele. A nova quantidade estabelecida pelo fabricante mal ocupa metade do saco. Você abre, come uns 5, e já está no fim. Se continuar assim, daqui a pouco o slogan "É Impossível Comer Um Só" não vai fazer mais sentido, porque dentro do saco, virá apenas um único fandango, e será possível sim, aliás inevitável, comer um só. E o preço? Subiu (claro).

- O sabonete Lux está bem mais fino. Dura uns 5 banhos. Antigamente os sabonetes não cabiam na palma da minha mão. Eram grossos, grandes, e duravam muito tempo (oh se certas coisas fossem assim). Quando os sabonetes de antigamente chegavam ao tamanho do Lux que abri hoje, sabia que já era a hora de grudá-lo num novo, para não desperdiçar, e seguir em frente. Ridículo!

- O papel toalha - e isso é geral para todas as marcas - anda se desintegrando na mão, mesmo seco, de tão fino. Daqui a pouco eles vão disputar mercado, sem querer, com o papel higiênico. Que ficam cada vez mais grossos. Vai por mim. Talvez seja mais eficiente um rolo de arranha-cu na cozinha e um rolo de Chifon no banheiro.

- Falando em papel higiênico, eles são o símbolo involuntário dessa epidemia de menor qualidade e menos quantidade que tomou conta do país. O rolo padrão, de todas as marcas, possui apenas 30 metros, batendo o triste recorde de MENOR rolo do mundo. Quer dizer, você não vai encontrar um rolo de 30 metros em nenhum supermercado no mundo, nem em Boston, Botswana, e muito menos na Mérida. Apenas no Brasil! Os fabricantes foram diminuindo a metragem gradativamente, sem diminuição proporcional do preço - que só subiu. Temos que nos contentar com esses rolos de merda.


Leia mais aqui apesar de saber que os processos não deram em nada, ainda.