11.9.08

Era uma vez um apartamento...

Ontem, no post sobre as 4 coisas, mencionei meu endereço nos EUA, onde morei de 1994 até 1998. 151 South Locust Hill Drive, paralela com Richmond Road. Me deu a maior saudade, fui muito feliz lá: morava ali quando o Luca chegou, bebê, em fevereiro de 1998; foi lá que passei momentos ótimos com amigos, amigos esses que vou rever no final do ano depois de dez anos ausente, com exceção do Clayton, que já vi algumas vezes nesse interim, e que até hoje é o meu melhor amigo, como um irmão. Bom, pra relembrar meu apezinho que eu tanto gostava, da época que ainda era estudante, resolvi escanear e postar algumas fotos. Segue então um passeio pelo meu segundo cantinho só meu (o primeiro, era menor mas tão bom quanto, mas infelizmente não tenho boas fotos). Aaaaaaahhhhh parece que foi ontem! Saudades sem fim dessa época da minha vida, tão feliz, e tão tranquila. É bom relembrar as boas coisas.
A sala. Detalhe para a lareira (uma delícia naquele inverno gelado). Lembro que depois botei um pano lindo no sofá ("throw") quando tirei essa foto ainda não tinha. Outro ângulo. Os posters depois foram emoldurados; perdi todos na volta para o Brasil, esquecidos no avião. Outro ângulo da sala, da mesa de jantar. Naquele cantinho também ficavam alguns livros, o som, e os meus CDs, e a janela com vista para o jardim do condomínio. A salinha de jantar de perto.Mais perto. No detalhe, o poster do que era, na época, a minha pintura favorita do Picasso. Hoje já é outra...Esse é o Clayton, meu best friend de toda a vida, numa visita. Não dá pra ver a cara dele direito. Ele ia muito lá, na verdade estávamos sempre juntos nas horas livres. Eu comprava lanchinho - queijo emmental, azeitona, pão preto, pastinhas de vários sabores, tortillas e um bom vinho tinto. Outras vezes, fazia jantares na minha casa para ele e amigos. Não vejo a hora de ver meu brother depois de tanto tempo...tá chegando! Aí o Clayton de novo, dá pra ver melhor? Essa foto foi tirada aqui no Brasil em 2005, quando ele veio me visitar e passou o carnaval. Ficou hospedado na minha casa no Jardim Botânico. Nunca deixamos de nos falar ou escrever, e já nos encontramos algumas vezes em NY e dessa vez aqui no Rio. No final do ano, esse encontro será em Lexington, vou ficar hospedada na casa dele, vamos dar uma festa de reveillon juntando todo o pessoal das antigas, e no dia 1° vamos para Las Vegas passar 4 dias na esbórnia.A cozinha: lembro que gostava de fazer comida brasileira, ou pelo menos usar produtos brasileiros. Quando ia para o Brasil, voltava com muita comida na mala (não sei como passava na alfândega, hoje minha mala seria apreendida e talvez seria no mínimo acusada de terrorista e tráfico de internacional de farofa, pra americano substância mais perigosa que anthrax, motivo que me levaria a passar o restante da minha vida trancafiada em Guantanamo Bay). Além da farofa, trazia dietil (o original azulzinho), café Pilão, pão-de-queijo, feijão preto, leite Moça - arrasava no brigadeiro e fiz todos os meus amigos experimentar - bombons Sonho de Valsa e, last but not least, mate Leão solúvel, porque sou mais uma carioca que cresceu tomando mate na praia (do latão). Se não me engano tentei trazer até biscoito Globo, mas quando abri a mala vi que tinha se transformado em farelo Globo (por todos os lados) e não repeti a burra experiência. Cozinhava muito, principalmente massas: macarrão com tomate e basílico e vários outros molhos, saladinhas...as vezes arriscava um strogonoff que nunca ficava tão bom. Também saía muito pra jantar fora ou pegar um take-out, já que lá não existia "delivery". Aposto que quem implantou o delivery naquela cidade, ficou rico. Outro ângulo da cozinha. No detalhe, os vinhos californianos que eu mais gostava: Clos du Bois - apesar do nome francês era um autêntico de Napa Valley - e Wildhorse, se não me engano, pinot noir. Foi lá em Lexinton que comecei a gostar de vinhos, por influência das minhas amigas enólogas Mia e Lee. foto do quartinho das máquinas. Não era preciso (quem quer ver uma máquina de lavar?), mas já que tirei essa foto na época, resolvi postar. Do outro lado, tinha uma secadora que estragava (deformava ou encolhia) todas as minhas camisetas. Na real, era mais uma estragadora que secadora. Nessa época, era dureza manter qualquer roupa intacta - Priscila, o que vc prefere, roupa suja ou deformada? Era sempre uma escolha de Sofia. E seria muito favelesco pendurar varal na janela, além de ser proibido. Desde então, a única época da minha vida que tive uma máquina de lavar E DE SECAR, foi nesse apartamento. Hoje vai no varal mesmo. Tem varal na área, tem varal de chão na varanda...e minhas roupas nunca mais deformaram. A minha escrivaninha do quarto, com um computador dos primórdios! Era um Pentium da Packard Bell que já navegava na internet, lentamente, via modem discado, quando ainda não existia Google e o bacana era ser assinante da America Online e o mais incrível da internet era o Webcrawler, o Netscape, o Yahoo e o site do JB Online (só texto). Lembro que, como na época não existia TV Globo Internacional, (que três anos depois viria a implantar no mundo todo, junto com minha equipe na TV Globo), meu barato era acessar a página da Globo News e ouvir o streaming do canal ao vivo. Não dava para assistir nada, só ouvir; desligava a TV e ficava lendo e escutando as notícias do Brasil ao mesmo tempo. Fiz muito isso, acho que, quase todos os dias antes de dormir. Lembro da minha felicidade quando descobri que poderia ter notícias do Brasil em tempo real! Era um milagre! A mesma sensação que eu tinha, de felicidade plena, quando recebia pelos correios meu exemplar super-mega-atrasado da Veja. Esse era o meu lugar favorito da casa: minha cama! Ela tinha um apelido... "nuvem"....por causa do meu edredon de pena de ganso, os lençóis e travesseiros de seda (hoje acharia essa seda toda cafooona). Ainda sentia falta de um abajur cor de carne, cortinas de seda, lençóis azuis e o seu corpo nu. A verdade, é que achava - e ainda acho - que era um quarto bom, bonito e aconchegante...cozy. Eu saía muito, mas nada era melhor do que deitar na nuvem e assistir um filme no vídeo (VHS mesmo) alugado no Blockbuster do outro lado da rua ou, quando queria ver um filme não considerado "mainstream", alugado no Movie Warehouse perto da faculdade. Até hoje minha cama é uma nuvem, mas de várias cores...sempre procurei decorar meu quarto nesse mesmo clima sans seda. Mais "nuvem". Os posters de cinema denuncia minha admiração pela Marlene Dietrich e minha profunda identificação com Dr.Jeckyll e Mr.Hyde, que perdura até os dias de hoje.O banheiro. O poster atrás, obstruído pela toalha azul, é o "nude man" do grafiteiro pop-art Keith Haring.E, para finalizar, o companheiro que entrou na minha vida bem nessa época: E um pouco mais crescido, o companheiro me esperando chegar do trabalho. (ele tomou posse do sofá listrado).