24.9.04

No War

Uma só é raça dos homens e dos deuses.
Ambas respiramos, vindas da mesma mãe.
Porém, um poder bem distinto nos separa.
Uma nada é: e o brônzeo céu, esse permanece sempre seguro.
No entanto, algo nos aproxima dos imortais, ou o espírito sublimeou o corpo, apesar de não sabermos que caminho, de dia ou de noite, o destino traçou para nós percorrermos.

Píndaro

16.9.04

Sono



O SONO PROFUNDO
Existe coisa melhor? Sono pesado, muitos sonhos...eu acordo tão bem quando isso acontece. Parece que meu espírito sai do corpo e viaja por aí. Dou muito valor quando acontece, porque pra mim é raro, tenho sono levíssimo e sofro de insonicus irritabilis. Saco.

14.9.04

1 Minuto de Comercial


1. Oi!
2. Acredite em mim
3. Você precisa
4. Logo!
5. Compre agora!!!!

Para alcançar seu objetivo, uma mensagem comercial de TV precisa passar por esses 5 estágios, que até hoje são obedecidos como regrinha básica da publicidade. Mas antigamente, por herança do rádio e pela escassez de tecnologia, a estratégia era diferente: abusavam da utilização de jingles repetitivos e mensagens simples, diretas e de certa maneira, ingênuas.

Era raro um comercial com uma mensagem subliminar, pois o objetivo era cumprido com a repetição exaustiva das musiquinhas e bordões. O estímulo era muito mais aural e menos visual.

Por isso, eis abaixo um link com todos os comerciais antiiiiiiiigos, alguns da época da nossa avó, dos nossos pais, e outros da sua, que vão te levar de volta até os seus 5 anos de idade, sentadinha na sua cadeira da Emília enquanto sua babá enfiava colheres de arroz com feijão e purê na tua goela abaixo, mas você não queria comer, só queria assistir na sua Telefunken preto-e-branca de 8 polegadas o Domingo no Parque, esperar o Paulo Barbosa sortear o final do seu telefone, ver o Daniel Azulay transformando caixas de ovos em brinquedos inúteis (hoje sei que eram brinquedos gays), torcer por Mogi-Mirim em Cidade x Cidade, morrer de medo do cabelo do Pedro de Lara, chorar copiosamente ao ouvir a musiquinha de encerramento do Jornal Nacional anunciando a terrível hora de dormir, saber de cor todos os desenhos do Picapau, ver a mãe sem dente descobrir qual é a porra da música e ganhar um móvel Tamacavi e nunca, mas nunca esquecer o que vinha logo depois de ver uma inocente Rita Cadillac gesticular o "roda roda roda... um minuto de comercial..." (e hoje hein... tá rodando em outras freguesias.)

http://sampa3.prodam.sp.gov.br/ccsp/tvano50/video_200k.asp?codigo=37

12.9.04

Raspas e Restos

Hoje eu peguei a xêpa.

Me tranquei fora de casa e tive que ir até a Barra buscar a chave reserva, programinha sensacional de domingo que deixou meu humor bacana.

Quando voltei, por volta de duas, os feirantes já estavam desarmando suas barraquinhas e remarcando os preços da sobra - frutas amassadas ou com furúnculos, e verduras pisoteadas.

Comprei dez tangerinas de anão e com aspecto duvidoso, mas por 1 real. Na pior das situações, lixão. Levei 4 papaias e paguei três, sendo que a papaia extra estava mole, mas comi assim que cheguei em casa e deu pra traçar o ladinho esquerdo.

Tentei comprar uma plantinha pra enfeitar meu banheiro, mas só tinha uma arruda e esta estava pendurada na orelha de um feirante suado.

Raspas e restos ME interessam ?

E assim foi meu começo de tarde do domingo.

11.9.04

Ajoelhada

Vou deixar o coração bater
Na madrugada sem fim
Deixar o sol te ver
Ajoelhada por mim sim
Não tenho hora pra voltar não
Eu agradeço tanto a sua escolta
Mas deixa a noite terminar
Eu já estou na sua estrada

(Virginia Costa)

7.9.04

U.S. Elections e a Hillary

Infelizmente, por mais que a gente queira, o Bush vai ganhar as eleições. E vai ganhar fácil. Eu calculo - e nem ligo pra política - que ele irá ganhar com pelo menos 10 pontos de diferença - e daí pra mais. Aquilo ali é uma loucura, um circo preparado pra ele se reeleger e ponto. Nada me convence o contrário.

A notícia boa, é que essa é a vitória que vai permitir a eleição, em 2008, da democrata, primeira mulher presidente dos EUA, Hillary Rodham Clinton. Se o Bush ganhar esse ano, ela é a barbada para 2008. Ela será a candidata natural do partido democrata, que inclusive já sinalizou essa possibilidade antes.

Esse é o lado bom da derrota do Kerry. Se ele ganhar nesse ano, em 2008 será o candidato natural dos democratas para a reeleição, deixando a Hillary de fora. E isso é o que nós não queremos.

Hillary em 2008. É isso aí, vamos deixar esse louco, imbecil, imagem e semelhança da cara de chipanzé, very average middle american do Bush ganhar esse ano porque infelizmente temos que esperar até 2008 para os EUA, e consequentemente o mundo, realmente mudarem pra melhor.

(convicção de quem não entende nada de política.)

4.9.04

Beslan

O que era Beslan até uns dias atrás? Era, literalmente, nada para nós. E se olharmos as imagens de TV da catástrofe de ontem, podemos ver os contornos do "nada", no pano de fundo...estava em todos lugares e em lugar nenhum, uma normalidade, um fragmento da média. Agora, no entanto, Beslan assumiu seu lugar na lista de erros e crueldades. Seu nome será inseparável do sofrimento de crianças e seus pais, da mais terrível irrupção de maldade em vidas inocentes.A morte e o ferimento de crianças é a negação de tudo que mais importa na vida: a chance de que o futuro será melhor do que o passado; a esperança, que está no rosto de cada criança, de que o mundo será bom para elas. É uma lembrança de que a falta de piedade permanece perto do coração do universo. Confrontados com Beslan, com as crianças ensangüentadas deitadas nas macas, com os rostos marcados pelo pesar dos pais à espera, com o fato de saber que a dor que se vê é apenas o início da dor que virá, não entendo como alguém pode afirmar que este mundo é um mundo bom.

Trecho de "Beslan, de palavra sem signifcado a sinônimo de ignomínia" de Adam Nicolson, do Daily Telegraph. Publicado no O Globo, na íntegra, 04/09/2004.

***

Estou tão chocada com o que aconteceu na Ossétia do Norte, que não tenho como me calar, apesar de saber que frente as tragédias, qualquer que seja a proporção, não passamos de insignificantes, que nada podemos fazer a não ser assistir às notícias impávidos, sentir piedade, ou no máximo fazer um protesto aqui ou ali. A gente se recolhe à nossa insignificância dando graças a Deus que o terror não atinge nossos lares confortáveis. Sabendo que amanhã coisa pior pode acontecer, que é inevitável, mas e aí? Tendo total consciência desse nosso papel de meros espectadores frente as bárbaries cada vez mais frequentes. Tudo que a sociedade construiu como instrumento de defesa: a organização em si, a polícia, a legislação, as forças armadas, são todos impotentes na prevenção e no combate ao terror. O maior trunfo do terror é exatamente essa brecha, e a imprevisibilidade é a arma.

O mundo está é muito louco. As pessoas estão muito loucas. Cada vez mais gente no mundo, mais gente louca, e as loucuras não têm mais limite. Somos um mundo totalmente acometido pela doença da loucura desenfreada, alimentadas pelo etnocentrismo, egoísmo, pela pobreza e pelo fanatismo. Pela ignorância. Como e quando tudo isso vai acabar? Não há perspectivas. O mundo está completamente perdido dentro dessa loucura.

E a nosso pequeno terror particular é a insignificância, é saber que a única coisa que podemos fazer é se recolher dentro dela com muita piedade.

E muito, muito medo.

P.

2.9.04


dream on canvas