28.1.09

Dia 2 - Lexington

Ainda exausta da viagem, dormi que nem uma pedra. Quando levantei, o Clayton já tinha ido pro trabalho. Tomei meu café da manhã sozinha, botei meus casacos, peguei o carro e fui dar um rolé pela cidade. Dia lindo, céu claro, temperatura em torno de 5 graus celsius. Passei pela Nicholasville Road novamernte, dessa vez pra passar horas e horas dentro do meu lugar favorito de todos os tempos: a mega-livraria Joseph-Beth Booksellers, que fica no Lexington Green Mall. Quando morava em Lexington, eu me perdia entre as centenas de estantes, lendo trechos de livros nos sofás confortáveis espalhados pela loja - lá existem exemplares "tester" de livros, ou seja, se você quiser pode lê-lo todo ali: podia pegar, especificamente, esses exemplares com uma faixa escrita "please read me", se aboletar numa poltrona, e esquecer do mundo lá fora. Eu normalmente lia um capítulo inteiro antes de levar pra casa, porque se chegasse no final, o livro valia a pena. Mas também comprava da maneira normal,depois de ler a orelha, ou pela capa mesmo: um dos aspectos mais fascinantes dos livros americanos sempre foram as capas. Na época, os livros brasileiros eram bem capengas em comparação, não existia um capricho editorial e gráfico como hoje (melhorou muito). Livro de capa dura, era coisa rara por aqui. E lá o normal sempre foi sair primeiro em capa dura, mais caro, com papel de alta qualidade e algumas capas que eram verdadeiras obras de arte, e depois em formato "pocket" ou "paperback", mais baratinhos. Nessa época, entre 1994-1998, essa era a única livraria desse porte na cidade, que ainda não tinha sua filial da Barnes & Noble. Lembro muito bem quando entrei lá pela primeira vez e pensei: uma cidade que tem uma livraria como essa não tem como ser um lugar ruim pra morar. Se for tudo ruim ou chato, tem esse lugar.

E no Brasil, ainda não tinha nada parecido. As Saraivas, Fnacs e etc viriam depois e mesmo assim, nunca com a mesma variedade. Além dos livros, tinha ainda uma seção de revistas e jornais do mundo inteiro, uma seção de CDs com ênfase em música clássica, uma seção infantil só de livros e brinquedos educativos, uma seção de papelaria (incrível) , outra de cartões e presentes e um restaurante - The Café - delicioso. E uma livraria com uma seção específica de livros sobre cavalos...não tem como negar, virou um dos meus points favoritos, lugar que voltaria sempre,pelo menos uma vez por semana, para passar horas e horas "browsing". Numa época que esse verbo se aplicava aos livros, e não à internet....

Eu sempre fui fascinada por livrarias, desde pequena, e meu sonho (ou um dos sonhos rs) era ser dona de uma, e com o tempo, o sonho foi se sofisticando e a minha livraria, que seria supostamente numa casinha antiga na Zona Sul, seria uma sede da Shakespeare & Co., ou no mínimo possuir a mesma atmosfera, mesmo décor da loja de Paris ou NY e o andar de cima, literalmente um quartinho com cama e tudo aonde supostamente dorme o gato da manager. Pausa pra fotos da loja de Paris:
Mesmo sem o sonho realizado, sempre que viajo, a primeira coisa que procuro nas cidades é uma livraria, e de vez em quando me surpreendo. Foi numa pequena e charmosa livraria de Tel-Aviv, por exemplo, que guardo na memória o momento mais bacana de uma viagem que fiz a Israel quando eu tinha 17 anos. Também foi nessa livraria que comprei a minha cópia dos Irmãos Karamazov, um dos meus favoritos de todos os tempos. Na minha infância, acho que quando tinha 4 ou 5, adorava um livro (que até eu aprender a ler, aos 6, alguém lia pra mim) que era sobre uma menina que pegava caxumba e ficava de cama até a chegada do médico. Queria lembrar o nome, mas me lembro dos detalhes da história e até do cheio desse livro cheio de desenhos que me fez ficar FELIZ quando eu realmente peguei caxumba. Coisas de criança. Voltemos ao diário. Eis algumas fotos.







Almoçei no restaurante dentro da livraria, no Brontë Bistro, o soup + salad special e uma Diet Coke. Comprei só alguns cadernos moleskine dessa vez, pois meu plano não era comprar nada ainda lá, já que voltaria "várias" vezes.

Andei mais um pouco pela cidade, voltei pra casa e recebi a visita da Angie, uma das minhas melhores amigas da época que eu morava lá. Adorei revê-la, passamos muitos bons momentos juntas, era sempre nós 3: eu, Clayton e Angie. Como uma vez nós nos embebedamos juntas com Chivas, no dia do show do Prince (que na época se chamava um símbolo e se referiam à ele como TAFKAP - The Artist Formerly Known as Prince - ela me trouxe, de presente, uma garrafinha de 500 ml de Chivas 24 anos, daquelas de bolso! Amei e fiquei sem coragem de dizer que depois desse porre resolvi, nunca mais, me arriscar no escocês, que a minha praia agora era vinho e cerveja. Mas é LÓGICO que não disse nada e adorei a garrafinha, que está agora no meu barzinho, e talvez nunca abra.

Demos um tempinho em casa, uma cervejinha gelada, e fomos jantar, eu Clayton e Angie, num restaurante italiano, o Puccini's. Ainda não tinha começado a fotografar meus pratos - mais adiante, nesse blog, fará parte do diário a foto de tudo que comi rsrsrs. Mas lembro que tomei Stella Artois e comi angel's hair pasta com um molho maravilhoso, mas não lembro agora. É um restaurante de rede, daqueles com 500 filiais pelos EUA, então nada de super especial a não ser uma comida bem decente.