29.1.09

Dia 7 - New York / Lexington

Bom, esse foi meu último dia nessa curta mas proveitosa passagem por New York, New York. Fiz as malas cedo, tomei café no quarto, encontrei com Clayton e Jeff no lobby e fizemos o check-out. Como nosso voo de volta estava marcado só para as 8 da noite, deixamos as malas no depósito do hotel e saímos. Jeff foi para um lado, eu e Clayton juntos - pela primeira vez em NY durante o dia - para outro. Estava frio, mas mesmo assim andamos muito, pelo Soho, depois Meatpacking District, fomos em algumas galerias de arte. Tudo isso a mil por hora. Mais uma passada no Urban Outfitters, dessa vez o Clayton queria comprar algumas coisas, e depois almoçamos num bistrô, o French Roast. French RoastClayton o menu. Depois de um croque monsieur delicioso encontramos o Jeff, fomos com ele até Chinatown, porque queriam comprar uma mala de grife fake. Eu posso me considerar uma connoisseur de bolsas - sei dizer quando é ou não falsa a olho nu o que passa despercebido pra muita gente, principalmente as Vuitton, Pradas, Gucci, Dior, Chanel e até Hermès da vida. Participava ativamente de um fórum anti-pirataria e usava os serviços de uma australiana, a Carol, que autenticava (ou não) as bolsas, e foi com ela que aprendi a diferenciar couro verdadeiro do falso (pois nem todo chinês usa o crasso vinil ao invés de couro e sim um couro autêntico mas de qualidade infinitamente inferior), entre outras particularidades e mínimos detalhes que distinguia the real thing pro made in china. Tudo isso na época que tinha um brechó online (2005 e 2006), que além das bolsas comprava e vendia, também, discos de vinil raríssimos (tive que abrir mão de tudo depois que recomeçei a trabalhar, mas que foi divertidíssimo, isso foi). Então, ajudá-los a escolher uma mala Gucci fake seria no mínimo interessante, trash, mas interessante. Fomos abordados por uma chinesinha de Nextel na mão, que perguntou, baixinho, com certeza porque devem ser vigiadíssimos pela NYPD, "are you interested in purses"? no que o Clayton respondeu apenas "yes", e ela "follow me". Andamos, sem brincadeira, quase 1km atrás da chinesinha, que nos levou para um depósito subterrâneo cheio das mais variadas bolsas bullshit que já vi. Eram MUITAS. Cópias horrorosas, daquelas que é meio mico mesmo de ver alguém usando, por exemplo, as bolsas Prada com a etiqueta torta, sem forro, as Vuitton mais pra Vumiton. E no meio disso tudo, uma mala da *Gucci* com rodinha e tudo, grande, por 40 dólares. Mesmo com meu olhar de desaprovação - era um fake muuuuito fake, cafonérrimo - eles levaram. Segundo o Jeff "No one from Lexington will know the difference". OK. Eu não tenho nada com isso e fui até cúmplice no crime de aquisição de mercadoria pirateada.
bolsas falsas dentro de um "esconderijo" não-tão-secreto na Canal Street, Chinatown, NY.
De Chinatown, pegamos um táxi para o hotel, nossas malas e seguimos para La Guardia. Após o check-in, fizemos hora no Fox Sports Bar ao lado do nosso terminal, tomei mais algumas stellitas e voamos de volta novamente no Brasilia da Comair. Chegamos tarde em Lexington, peguei outro carro na Enterprise, dessa vez um Honda Accord, fomos pra casa, e, exausta, dormi.

Dia 6 - New York

Acordei por volta das 10h, um pouco de ressaca por causa de ontem. Tomei café da manhã no quarto, o dia estava lindo, ensolarado e menos frio que nos dias anteriores. Peguei um taxi e fui direto pro Museum of Natural History. Cheguei lá, TINHA fila, fiquei uns 20 minutos nela, e fui direto pro 3° andar ver a expo "The Horse". Achei ok, mas, talvez pelo meu conhecimento já vasto do assunto, não vi nenhuma novidade. De lá fui na expo nova, "Climate Change". Mais interessante, gostei.painel no lobby do museu de história naturallugar maneiríssimo pra levar criança, que amam dinossauro. eu, nem tanto, mas valeu porque nunca tinha ido. nas redondezas do museu. Depois, fui direto pro Angelika Film Center assistir Slumdog Millionaire. Já escrevi sobre esse filme aqui no blog em dezembro, assim que foi lançado, estava ansiosa. Filmaço. Uma mistura de filme de Bollywood (com direito ao kitch) com Hollywood, um roteiro adaptado muito criativo, do Simon Beaufoy, o roteirista que ficou famoso com Full Monty. É uma fantasia, improvável (o tema, do menino pobre, analfabeto, o favelado - slumdog - órfão que sabia todas as respostas do Who Wants To Be a Millionare indiano) e ao mesmo tempo possui um excesso de realismo (o cenário, a fotografia no mínimo perturbadora e espetacular, e os personagens, especialmente quando ainda eram crianças). O filme está fazendo tanto sucesso no mundo todo, que deve levar alguns dos Oscars para o qual foi indicado (10, melhor filme, melhor direção, melhor fotografia, roteiro adaptado, edição, trilha sonora, melhor música 2x, som). Na minha opinião, deve ganhar o Danny Boyle como diretor, ele que catapultou seu lugar entre um dos melhores diretores depois da obra-prima Trainspotting e depois de alguns fracassos consecutivos, veio com esse filme; o Simon Beaufoy no roteiro adaptado do livro homônimo de Vikas Swarup, e Anthony Dod Mantle, o mesmo de Dogville, e que já tinha trabalhado com Boyle no filme 28 Days Later, na fotografia. Vamos ver. De qualquer maneira, recomendadíssimo. Depois do filme, passei na minha loja favorita de NY, a Urban Outfitters. Adooooro tudo de lá. Praticamente só comprei roupa, nesta viagem, nessa loja. Fora o fato de que PERDI dois cachecóis maravilhosos, únicos, que comprei(só reparei quando já estava de volta em Lexington), isso não foi nada legal. Foi lá que comprei, também, esses bloquinhos simpáticos.
Voltei pro hotel, encontrei Clayton & Jeff e fomos jantar em Chelsea, no Porters. Comi bem, calamari de entrada, steak au poivre (que não chegou aos pés do Keens) e um merlot californiano que não lembro o nome. dessa vez só tirei foto da entrada. o vinho subiu logo e esqueci de registrar o prato principal. water + wine, sem flash. Depois dei uma passada com eles num bar gay, chamado XES (pode ser o oposto de sex, mas muitos partem de lá pra isso). Depois olhei no site que a principal atração do lugar é um tal de Ass Circus. Realmente não tinha nada pra mim ali. Fiquei a minha meia hora, era a única mulher ali, e já cansada, peguei um táxi sozinha e voltei pro hotel.

Dia 5 - New York

Acordei cedo louca de vontade de sair do hotel. Lógico, os meninos, que voltaram da boate Under The Volcano + outros gay places que não sei, quase já amanhecendo, ainda estavam dormindo e não contei com eles pra sair. Peguei meu casaco, cachecol, boné, luvas e mochila (my NY winter attire) e fui. Primeira parada, café da manhã na Guy & Gallard. Ovos mexidos com queijo, suco de laranja e café preto.
Todo mundo que me conhece sabe que vivo de dieta, como que nem um passarinho (tá, isso é mentira), mantenho o meu peso ideal as duras penas, sempre brigando com a balança, um saco (que não tem fim) mas em viagem, é tudo ao contrário. Como MESMO, tudo e muito, bebo quase todos os dias, faço questão de todas as refeições, adoro escolher restaurante e experimentar pratos, até sobremesa, e normalmente volto pra casa bem mais gorda, e dessa vez não foi diferente (aliás, depois de 15 dias no Brasil, as minhas calças ainda não dão, então dá pra sacar que comi práaaaca). Tirei foto do café da manhã também. De lá, peguei um taxi e segui pro MoMA, com a intenção de ver a expo do Van Gogh, que estava no penúltimo dia, e outra do Vik Muniz.
Bom, ficou na intenção, porque a fila pra comprar ingresso fazia voltas no quarteirão. Mesmo assim, entrei, fiquei menos de um minuto e um funcionário da fila (controlador de fura-fila do MoMA), avisou que TODOS OS INGRESSOS PARA AQUELE DIA ESTAVAM ESGOTADOS. Priscila, você NÃO VAI VER Starry Night. Nem over nem under the Rhone. Foi aí que me dei conta da quantidade de turista em NY, claro, logo no dia 2 de janeiro, eu esperava o quê? São ainda os remanescentes do Reveillon + as pessoas que chegam depois (como eu) pra aproveitar diárias mais camaradas em hotel, liquidações etc. Não contava com essa impossibilidade de fazer meus programas culturais por causa de multidão, e fiquei bastante decepcionada.a foto da fila, não sei se dá pra ver bem, porque acabei tirando mesmo é da barraca de hot dog, estava com fome. a fachada. não me conformo......de ter perdido. O Vik Muniz, está aqui no Rio agora, tudo bem, posso ver a expo aqui, mas Van Gogh, provavelmente nunca vai ver a cor da noite carioca, ou mesmo brasileira. Tentei até comprar para o dia seguinte, mas não consegui nem chegar perto da bilheteria, que aliás, só vende ingresso para o mesmo dia. De lá, parti. Consegui apenas entrar na MoMA store pra comprar um guarda-chuva que olhava de vez em quando no site deles e morria de vontade de ter. Cheguei a me filmar fazendo um micro-depoimento pra minha câmera tamanha a minha decepção, ao mesmo tempo filmando aquela fila louca. Eu, que já ODEIO fila, não faço fila pra nada no Brasil, (só obrigadíssima e mesmo assim, puta que pariu!). Saí andando pelas redondezas, entrei numa Gap ali perto e quase saí sufocada. Muita gente, uma fila do caixa até a porta da loja pra pagar, uma bagunça surreal. Crise, que crise?a bagunça+fila na Gap.
Saí assustada e entrei na Prada. Vi todas as bolsas e carteiras que queria comprar, passei pelas vendedoras que atendiam suas clientes lindas, louras, ricas e japonesas, e fui embora, incrivelmente feliz por não ter gastado 1800 dólares na bolsa de couro envelhcido marrom escuro que está no topo da minha lista de desejo de consumo. "A" bolsa.
Me deu um certo alívio vê-la ali paradinha e não sacar o cartão de crédito, até porque...como iria pagar a fatura quando voltasse pro Brasil? Ou melhor, QUEM iria pagar, não tenho marido rico (ou marido at all), tô sem significant other (rico ou pobre) no momento, meu pai não é louco de me dar uma bolsa desse preço, e os meus rendimentos atuais não me permitem, pelo menos agora, comprar a bolsa mais maravilhosa desse mundo que estava ali me olhando, na minha cara, paradinha, inconformada com a minha atitude blasé de quem não tá nem aí. "ELA" de novo.
Ufa. Feliz (hahaha), saí de lá e continuei caminhando pela 5a. avenida até chegar na Apple Store, aquela do cubo. Como ninguém é de ferro (muito menos o dinheiro, que é de papel, e o cartão, de plástico) e macmaníaca que sou, entrei num transe. A loja estava abarrotada de gente mas nem me toquei. Não dei a míiiinima. Comprei alguns gadgets pro meu Imac: um adaptador para transformar o mac numa espécie de TV com DVR chamado Eye TV Hybrid, um teclado sem fio, porque quem tem teclado branco do Mac sabe que é preciso, sempre, ter um reserva porque suja pra kct, comprei um universal dock, que já estava precisando há algum tempo, um Ipod Touch pra minha sobrinha de presente, que eu tinha prometido, um Ipod Nano roxo pra minha mãe, um limpador de monitor. Na mesmíssima hora esqueci da bolsa(mas ela não esqueceu de mim, olha A bolsa aí de novo), da Gap, menos do MoMA, essa frustração de não poder ter visto o Van Gogh estando ali, na frente, vai me seguir para todo o sempre. Peguei um taxi e dei uma passada na Century 21, comprei lençóis, bota de couro, naquela loja-bagunça onde tudo é mais barato, mas não consegui ficar lá muito tempo porque, simplesmente, não dá pra mim. Muita gente, bagunça, barulho, filas, o que não me incomodou na Apple Store me deixou completamente esgotada na Century. Fiquei uns 20 minutos na fila pra pagar e voltei pro Hotel. A essa altura, já estava no meio da tarde. Almoçei um cachorro quente na barraca da esquina, e fui pro quarto. Nesse meio tempo, encontrei com Clayton e Jeff e marcamos de encontrar nossa amiga Jill Ryan, que mora lá, a noite. A Jill foi a minha primeira amiga em Lexington. Ela fazia uma aula de produção de TV comigo e eu, tímida e altamente reservada já estava há quase um ano em Lexington sem fazer amigos, a não ser uma brasileira (mas brasileiro não conta), a Ana Carolina, que logo se mudou pra Birmingham. Então, um dos trabalhos dessa aula era pra ser feito em dupla. Depois de todos os pares formados, sobrou eu e Jill. Naquele exato momento, ela passou a ser a minha melhor amiga da faculdade. Fazíamos tudo juntas, e uma noite fui estudar na casa dela. E ela morava com 2 roommates, um deles, o Clayton. Daí começamos a sair nós 3 e assim ficamos por quase um ano, até que a Jill se mudou. Nesse meio tempo conheci um montão de gente através dos dois, inclusive a Angie, Mia, e todos os outros amigos que viria a ter. Voltando. Não via a Jill há 6 anos, desde que estive em NY a trabalho em 2002. Combinamos de nos encontrar no apartamento de um amigo dela, o Brian, no Soho, e de lá sair pra jantar. Chegamos nesse loft fabuloso, decoração bacanérrima, que uma amiga do Brian super-híper-mega cool (produtora de moda da revista W) emprestou pra ele (que mora em LA) enquanto passava férias na França. Tirei algumas fotos do loft. Tomamos um vinho muito bom, zinfandel californiano, ficamos batendo papo e partimos para o restaurante Lucky Strike, na esquina. Eu, Jill, Clayton, Jeff, Brian, Jen (irmã da Jill) e Andrew (amigo do Brian) sentamos no bar, foi tudo de bom, comi um penne arrabiata que precisei trocar por que estava way too hot, bebemos vinho tinto, rimos muito...e depois demos uma passada numa boate chamada Cubbyhole. Fiquei nem meia hora, já cansada do longo dia, peguei um táxi sozinha (Clayton e Jeff iam esticar em algum lugar) voltei pro hotel e fui dormir. Clayton e Jilla salinha do loftadorei, tirei várias fotos da decoraçãoo quartinho, em cimavizooa cozinhaespelhotodo o charme de Brianbotas novasClayton e Jentodo o charme de Brian parte 2o Zinfandel da noitevista da janela do loftLucky Strikeeu e Clayton, Lucky StrikebarClayton + JeffLucky Strikemy hotter than hell penne, não deu pra comer. troquei por o mesmo, menos apimentado. Jill e BrianAndrew, Jill se escondendo, Brian.

Dia 4 - Lexington / New York

Acordamos cedo, fiz a minha mala e fomos para o aeroporto. Devolvi o carro na locadora, fizemos o check-in, e como tínhamos 1 hora de espera até pegar o voo direto da Comair (a cia. aérea regional da Delta) - Lexington-LaGuardia, almoçamos no restaurante DeSha's. O DeSha's original é no Victorian Square, downtown Lexington, e considerado um dos melhores da cidade. Esse é a filial do aeroporto, menor e que serve apenas comidinhas rápidas. Pra não fugir a regra, tomei um draft de Stella Artois e comi uma porção de "potato skins". Comprei algumas revistas pra ler durante o voo de 1:30 num aviãozinho Brasilia pequeno (de 40 lugares). Voo de 1:30 ou sentir MEDO durante 1:30 é a mesma coisa pra mim, ainda mais sem Lexotan. Por isso, virei uma estátua no meu assento, e tensa, não li revista alguma e nem reclinei a poltrona (que de qualquer maneira, soube pelo Clayton, reclinava apenas 1 centímetro, que aliás deve fazer uma diferença extraordinária! Quer ler? Cadeira ereta! Quem dormir? Cadeira 1cm reclinada pra trás!). as potato skins do DeSha's (+ 2,5kg!)chegando em NY. I LOVE NY!

Pálida e aliviada, pousamos em NY, pegamos um yellow cab, que imediatamente coloca qualquer turista no espírito novaiorquino, e seguimos para o Hotel. Bom, o Hotel foi uma boa surpresa. Sabíamos que era um hotel relativamente barato para o padrão de NY e não esperávamos grande coisa. Mas valeu cada centavo da diária. Quarto espaçoso, com cama king size, todo limpíssimo, até cozinha tinha, e wireless de graça. Fiquei sozinha num quarto e o Clayton e Jeff no quarto ao lado. Recomendo pra quem quiser: Marriott Residential Inn, fica na 6a. com a 39th, perto de Times Square, ou seja, bem localizado também. Aqui vai a foto que tirei do quarto logo depois que cheguei, e a foto da vista da minha janela também.

Chegou a hora de escolher aonde iríamos jantar e pedimos uma dica para a concierge, que nos indicou o Keens, cuja especialidade são carnes. Não é barato, paga-se por volta de 50 dólares por prato mais a bebida, mas a comida é divina. E o vinho que tomamos, melhor ainda. Pedi ostras de entrada e uma taça de chardonnay. Depois, comi um steak au poivre com purê de batatas e rachei com os meninos uma garrafa de Pinot Noir californiano. (Não anotei o nome dos vinhos, em tirei foto.) Eu costumava comer steak au poivre no Tout Va Bien, um restaurante francês muito bom e simpático em NY, e até então achava que era o melhor que já tinha experimentado, mas o Keens se superou. Além da comida espetáculo, a casa, do século 19, é toda enfeitada de cachimbos no teto e antiguidades pelo salão. Vale muito a pena e com certeza esse foi o melhor restaurante que fui nessa viagem, espero voltar em breve. Depois do jantar, voltei pro hotel. Clayton e Jeff foram aproveitar o resto da night, o que viria a ser uma regra nessa viagem: eles voltavam pro hotel, todos os dias, por volta das 6 da manhã, e eu sempre voltava sozinha por volta de, no máximo, 2AM. Devo estar ficando véia mesmo, por que não tenho mais o menooor saco pra boate, NEM em NY! Prefiro ficar inteira pra curtir muito o dia seguinte.