31.8.08

Christopher Ciccone - A Vingança

Bom, nesse meio tempo acabei lendo "Life With My Sister Madonna" ao invés de alguns que listei aqui anteriormente e além de outros. O que eu achei? Quer saber mesmo? Esse Christopher Ciccone aproveitou a fama da Madonna pra passar a vida se divertindo entre as celebridades, virou um viciado em cocaína e nunca tentou vencer na vida sozinho a não ser colado na sombra da irmã. Nada que ele fala no livro me impressionou ou mudou minha impressão da Madonna, e sim a minha impressão em relação a ele. A irmã, com certeza, deve ter livrado esse menino de dívidas várias vezes, deve ter se preocupado com o vício dele em drogas e por isso insistido em pagar pelo seu rehab, entre outras chances que deu até o dia que cansou. E ele ficou ressentido porque a irmã cansou de ajudá-lo, e resolveu se vingar para $$e dar bem. Tenho certeza que ele achou que não estava fazendo tanto mal. Fala mal da Madonna o tempo inteiro, mas sempre elogiando ao mesmo tempo (!). Morde e assopra. Um cínico. Apesar de ter adorado a leitura - principalmente as cartas e emails do Christopher para a Madonna - fiquei com a sensação que escrever esse livro (ou ditar para o ghost writer) foi apenas mais uma das saídas que Christopher encontrou para pagar algumas dívidas, ou seja, ganhar um dinheiro fácil e nada mais. Podes crer que ele já deve estar arrependido. E merece. Achou que se livraria do estigma de ser apenas irmão-da-Madonna-porém-designer-pintor-talentoso escrevendo esse livro? Que otáriooooooooooooo! Será pra sempre lembrado apenas por esse livro. Assim é o mundo, brother.
DVD Man

Essa noite tive um sonho surreal. Que eu alugava filmes no DVD clube - que entrega a domicílio - e o entregador teria que assistir os filmes comigo.
Lembro como se fosse realidade:
- Moço, tem certeza que você quer ficar aqui enquanto eu vejo esse filme? Não tem como você ir embora, não?
- Não, freguesa. Sou guardião dos filmes. Sem eles não posso voltar pra loja.
- Então dá pra você sair da minha cama?
- Mas aonde eu vou deitar? Tenho que assistir os filmes com você, cliente.
- Senta no baú em frente à minha cama, moço. (o dvd man deita no baú de ladinho). Ah moço, tem certeza, nem se eu te pagar com um cheque nominal, adiantado, mais 30% de gorjeta, não dá pra você deixar os filmes comigo, não?
- Dá não, cliente. Sem os filmes não volto pra loja.
- Ah moço, o cheque é uma garantia que eu vou pagar e você sabe aonde moro. Não tem necessidade da sua presença enquanto assisto os filmes.
- Orra cliente, eu venho com os filmes. Não tem jeito não. Ou eu e os filmes ou nada.
Passei o resto do sonho assistindo três filmes de DVD com o sujeito deitado no meu baú. Era uma versão picante de Sex In The City. Eu deitada na cama, o DVD Man esprimidinho, de ladinho, deitado em cima de um baú de meio metro, tomando conta dos filmes.

21.8.08

The Books Are On The Table, P.


Mais uma leva de livros que me aguardam com uma certa urgência (e cobrança), após algumas visitas às livrarias da Travessa, Argumento e Ponte de Tábuas (esta última deliciosamente perto da minha casa). Alguns já li trechos, mas ainda não terminei nenhum; são para ler de uma só vez, uns aos poucos ou às vezes, e outros só para folhear em certas ocasiões...
São eles:

1-Sonetos de Shakespeare, tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos. Formato brochura. Editora Hedra.

Gostei desse livro porque traz cada soneto em página dupla: à esquerda o soneto no original em inglês, à direita, sua respectiva (e excelente) versão em português. Mas o melhor dessa edição são as notas de rodapé: comentários diversos que ajudam a entender o significado do todo ou de certas palavras soltas, sobretudo àquelas que o tradutor precisou adaptar para o português e que diferem do sentido puro do inglês ou intencionado por W.S., ou por não existir tal palavra em português - - e ainda, para manter a métrica do soneto. Essa métrica, trocando em miúdos, é o mesmo número de sílabas poéticas nos seus 14 versos (que no caso de W.S. possuem 3 quartetos e 1 dístico). Conseguir traduzir Shakespeare com qualidade já é uma tarefa árdua e para pouquíssimos - e aqui, está incrivelmente belo e maestral, um grande trabalho de Péricles Eugenio da Silva Ramos (1919-1992, poeta, ensaísta, crítico literário, professor, tradutor, além de Shakespeare verteu para o português versos de Mallarmé, François Villon, Safo, entre outros). Abaixo, reproduzo do livro um dos meus favoritos e sua respectiva tradução:

Soneto CXVI

Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments; love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove:
O, no, it is an ever-fixed mark,
That looks on tempests and is never shaken;
It is the star to every wandering bark,
Whose worth's unknown, although his heighth be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle's compass come;
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved.

Impedimentos não admito para a união
De corações fiéis; amor não é amor
Quando se altera se percebe alteração
Ou cede em ir-se, quando é infiel o outro amador.
Oh! não, ele é um farol imóvel tempo em fora,
Que a tempestade olha e nem sequer trepida;
É a estrela para as naus, cujo poder se ignora,
Malgrado seja a altura conhecida.
O amor não é joguete em mãos do tempo, embora
Face e lábios de rosa a curva foice abata;
Não muda em dias, não termina em uma hora,
Porém até o final das eras se dilata.
Se isso for erro e o meu engano for provado,
Jamais terei escrito e alguém terá amado.

Obs: segundo TW Baldwin, trata-se de uma "soberba expressão de elevado amor". Tucker Brooke sobre o soneto 116: "W.S. usou 110 palavras das mais simples em inglês, e esquemas também simples de rima, para produzir um soneto que tem em si a strangeness of perfection.

2-101 Coisas A Fazer Antes de Morrer, de Richard Horne, tradução de Fernanda Abreu (não é a cantora), formato brochura, Editora Intrínseca.

Esse livro apenas despertou minha curiosidade. Primeiro, porque adoro listas. 101 itens então, eis uma lista longa, tem que render. Segundo, porque o design é bonitinho: cheio de ilustrações bacanas e coloridas. E por último, porque é lúdico: não é só pra ler, é preciso lápis, tesoura, marcador e outras coisinhas mais que usei da última vez, em conjunto, quando estava no C.A. Vários espacinhos para desenhar e até podemos escrever nosso nome na capa! Como fazia no meu caderninho do Snoopy.

E uma lista que inclui ordenar uma vaca; participar de um ménage à trois; ser barrado de um bar; ser preso; e fazer sexo num avião, entre outras 96, realmente não dá pra mim! Sua tosqueira é que o torna imprescindível na minha lista dos livros que tenho que ler antes de morrer.

3- To My Dearest Friends, de Patricia Volk, formato paperback, Editora Vintage (EUA)
A verdade precisa ser dita: comprei esse livro sob efeito etílico adquirido num jantar no Manekineko, restaurante que fica em frente à Argumento. Sempre vou na Argumento depois do Manekineko e esse não foi o primeiro livro que comprei neurologicamente alterada. Estava na seção (excelente) de livros em inglês, e entre os muitos, gostei desse por causa da foto da capa (uma caneca alva e límpida de cappuccino) e uma descrição, na contra-capa, extraída da revista "O." da Oprah Winfrey, exatamente assim: "Deliciously mischevious...This deceptively light book has a lot to say about the complexity of friendship, the use and abuse of secrets, and the restorative power of love." Saltaram aos meus ébrios olhos as palavras "deliciously...mischevious...deceptively...complexity...use and abuse...secrets...love". Hummmm....na hora pensei que estava à frente de um clássico. O que mais poderia esperar de um livro sobre café tão rico em adjetivos e advérbios? No dia seguinte, lendo o resumo na orelha, vi que o livro era sobre a amizade de duas senhoras, Alice e Nanny (isso mesmo, Nanny), que descobre sobre o caso de amor secreto de uma falecida amiga. E que o capuccino da capa é só sugestivo, um truque subliminar para manter o leitor atento. Bom, quero me surpreender.

4- Ethics, de Benedict (ou Baruch) Spinoza, formato paperback, editora Wordsworth Classics of World Literature. Antes de falar sobre o livro, tenho que falar dessa coleção da Wordsworth Classics: ela está quase toda a venda na Travessa, pelo menos na loja do Shopping Leblon, cada volume de 7 a 19 reais. Isso não é um erro de digitação, o preço é baixo mesmo. Ou seja, muito mais barato do que livro nacional e de excelente qualidade. Esse é o primeiro de uma série que vou ter, porque me deu vontade de colecionar. Na página da Travessa dá pra ver os exemplares disponíveis. Bom, esse livro é a essência da filosofia do racionalismo cartesianista de Spinoza, sua obra-prima. É um depoimento sobre matéria, espírito, Deus, a origem do pensamento, o poder do intelecto. Sua ética diz que a razão, pura e simplesmente, é o que sustenta a nossa existência, e para provar seu ponto, desmistifica o universo contudentemente. Já falei dele nesse blog antes, num post anos atrás, assim que o descobri. A terceira parte do livro é a melhor: "On The Origin and Nature of the Affects" e suas 59 proposições, para citar apenas duas:

Proposition 44: Hatred which is altogether overcome by love passes into love, and the love is therefore greater than if hatred had not preceded it.

Proposition 55: When the mind imagines its own weakness it necessarily sorrows.

5-O Que Os Homens Querem e As Mulheres Precisam Saber de Steve Santagati, editora Rocco. Não tenho muito a dizer sobre esse livro a não ser que foi escrito por um modelo muito gato que se auto intitula um pegador e que fala por experiência própria e o tema combina com minha atual pretensão de conhecer melhor o universo erótico masculino e também por causa da primeira frase da orelha ele é descolado divertido bom de cama e tem um sorriso irresistível e se não dá pra ser real pelo menos através da leitura quero descobrir...o que ainda há pra descobrir e ponto.

PS: na contra-capa apenas uma frase: "sabe aquele homem maravilhoso que deixa qualquer mulher de queixo caído? Leia este livro e ele vai ficar de quatro por você..."

Ha ha ha. Espero me divertir. Tomara que o modelo manequim que está lançando seu primeiro cd com músicas de amor em inglês também seja um bom escritor.

a continuar...falarei dos outros livros amanhã.

futuros posts (de 22 a 30 de agosto): sobre bonobos; vida em hipertexto; meu curso no POP - Pólo de Pensamento Contemporâneo; dois sonhos (ou pesadelos); sobre um site bárbaro de pesquisas da BBC; e qualquer outro que der na telha.

17.8.08

Stay Hungry. Stay Foolish

É Impressionante.


Tá todo mundo falando de Michael Phelps, um monstro da natação, mas estou mesmo impressionada com ela: Dara Torres, 41 anos, 5 olimpíadas (1984, 1988, 1992, 2000 e 2008), 12 medalhas (4 de ouro, 4 de prata e 4 de bronze). Uma CRAQUE em todos os sentidos. E um dos principais motivos para varar a noite assistindo os jogos na TV.

Dara já revelou o segredo de sua longevidade esportiva.

16.8.08



fala, Kerouac:

"Que sensação é essa, quando você está se afastando das pessoas e elas retrocedem até você ver o espectro delas se dissolvendo? — é o vasto mundo nos engolindo, é o adeus. Mas nos jogamos em frente, rumo à próxima aventura louca sob o céu."

4.8.08

Que Amado



Meu cavalo Que Amado morreu no dia 3 de agosto, depois de 15 dias de batalha pela vida. Começou com sintomas de cólica, a situação se agravou e foi operado e veterinário (o fantástico, melhor de todos, Dr. Flavio Geo), que retirou uma obstrução (pedra do tamanho de uma manga) do intestino dele. Ficou 5 dias sentindo uma dor fortíssima e mesmo assim não só aguentou a cirurgia como vinha melhorando a cada dia no pós-operatório. Chegou a sair da UTI equina e já ia voltar pra casa quando, de repente, as dores lancinantes voltaram, dessa vez nos testículos e com febre altíssima. O Flávio constatou uma infecção generalizada e não teve outra saída a não ser aliviar o sofrimento do cavalo. Ele se foi, meu Que Amado, cavalo mais que amado mesmo, que nunca vou esquecer, por tudo que ele poderia ter sido. Pode não ter sido um craque, mas pra mim ele foi muito mais que isso.
Adeus, meu bichinho. Você merece toda a paz do mundo, meu campeão.